Deepweb e Darkweb – Do conceito até o seu site publicado no “submundo”

Deepweb é um tema cercado de mitos, lendas e claro, alguns casos realmente assustadores. Mas assim como nas profundezas dos oceanos, do universo e até da mente humana, nem tudo que está lá é feio, assustador ou perigoso.

A ideia deste texto é não somente explicar a quem não conhece o que é a “assustadora” deep/dark web, mas também quebrar um pouco do mito que assola a cabeça de muita gente que nunca viu mas repete igual papagaio inverdades e exageros.

No final, nós ainda vamos colocar um site bem legal lá nas profundezas da Internet de forma rápida, gratuita e segura para que você possa compartilhar com quem quiser e acessar de onde estiver.

Os níveis de profundidade da Internet

Em primeiro lugar devemos lembrar que a Internet é uma só. Um conjunto de redes diferentes, sim, mas todas interconectadas. Sendo assim o que estiver “publicado” (esta é a palavra chave) é acessível por qualquer um que saiba onde e como encontrar e usar.

Desde que a Internet surgiu, sites abertos ao público, sites privados e até mesmo ocultos, sempre existiram. Isso nunca foi novidade. O que é novo – atualmente já nem tanto -, é a nomenclatura que se passou a dar para este fato.

Desta forma, dividiu-se os sites e serviços publicados na Internet, de acordo com sua visibilidade nomeando-se as categorias assim:

  • Surfaceweb – Web superficial
  • Deepweb – Web profunda
  • Darkweb – Web sombria
Uma das muitas ilustrações que circulam por ai tentando representar as camadas da web

Note entretanto que não existe nenhuma entidade oficial que tenha cunhado ou definido estes termos, eles apenas surgiram em meio aos usuários dos serviços web e há dezenas de variações deles.

Você encontrará algumas pessoas falando sobre diversas subdivisões da Deepweb, como Chatter Web, Marianas Web, Bergie Web entre outros termos.

Na prática são apenas nomes para destacar algum detalhe em um conjunto de sites dentro da Deepweb e honestamente não sei se eles se justificam. Particularmente eu não os utilizo, ficando apenas com estes três básicos que já denotam o suficiente sobre cada site.

Surfaceweb – Internet de superfície

Excluindo-se aqueles que entram aqui no site diretamente (provavelmente porque já tem o endereço salvo), mais de 95% dos visitantes chegam por aqui através de alguma busca feita no Google.

É provável que você tenha chegado aqui da mesma forma e isso ocorreu porque este site está na superfície da web, onde os buscadores como Google, Yahoo, Bing, Duckduck entre outros usam seus mecanismos automatizados para varrer a web e encontrar novos links.

Creio que não haja muito o que explicar sobre a surfaceweb. Aqui é onde você começa a navegar na Internet. Sites de notícias, blogs, vídeos, sites governamentais, empresas prestadoras de serviço, lojas virtuais etc. Tudo que há de “comum” e irrestrito na web está aqui.

Deepweb – As profundezas da web

A deepweb não é um lugar assustador como dizem. Pelo contrário é um lugar legal e inclusive é onde a maioria das pessoas passam o dia na Internet, inclusive você!

Sim, meu caro e minha cara, embora ao entrarmos na Internet nós estejamos na superfície, boa parte das nossas atividades ocorrem após um ou vários mergulhos na Deepweb.

O que temos neste nível da web são todos os sites que por qualquer motivos não podem ser indexados e isso não tem qualquer relação com o fato de seus conteúdos serem bons ou ruins.

Pense então naquele site da sua empresa que só é acessível por uma VPN ou proxy, ou naquele serviço que você precisa fazer login para acessar, ou naquela sua câmera de segurança apontando para a garagem ou para a porta de entrada da sua casa.

Tudo isso e muito mais formam a Deepweb. Quer ver!? Vamos voltar no tempo para entender.

Até por volta de do final dos anos 1990, estes serviços eram conhecidos como “web invisível”. O termo “deepweb” começou a se tornar popular graças a um estudo escrito por Michel Bergman em 2001 e intitulado “The Deep web: Surfacing Hidden Value” (em tradução livre “A Deepweb: Revelando o valor oculto”).

Se você ler este artigo (recomendo), que já completou duas décadas, você observará que muito do que se lê e especula-se sobre o assunto gira em torno do seu conteúdo. Veja este pequeno trecho do que Bergman disse sobre o assunto:

Pesquisar na Internet hoje pode ser comparado a arrastar uma rede pela superfície do oceano. Embora muita coisa possa ser capturada na rede, ainda há uma riqueza de informações profundas e, portanto, perdidas. A razão é simples: a maioria das informações da Web está enterrada em sites gerados dinamicamente, e os mecanismos de busca padrão nunca as encontram.
— Bergman, Michel. The Deep web: Surfacing Hidden Value. Agosto,2001

Embora eu discorde da afirmação de que por estarem em um local profundo, estas informações estão “perdidas” (talvez naquela época isso fosse uma verdade), no demais há muita verdade ai.

E isso só endossa o que eu disse antes. Quando você acessa seu Gmail, a Intranet da sua empresa ou escola, ou seus dados em algum formulário de site governamental, estes são dados que os buscadores padrão (Google, Bing, Yahoo etc) nunca vão alcançar, você está na Deepweb.

E creio não ser preciso dizer que é justamente lá, na Deepweb, onde estão a maior parte dos dados relevantes e importantes para os usuários da Internet, então, pare de preconceitos e fantasias, ou ao menos as reduza porque você a usa todos os dias para o bem.

Darkweb – Web sombria (ou nem tanto)

Aqui é onde surgem as lendas, mitos e também casos reais de crimes, situações e “coisas” bastante … desagradáveis (para dizer o mínimo). Mas não encare esta parte da web como algo puramente apavorante.

Pense na Darkweb como uma região escura e muito vasta do oceano ou do universo. Você pode vagar por lá livremente sem ver um peixinho ou uma pedrinha sequer.

Parece tudo um imenso vazio sem nada para se ver, mas se você estiver procurando algo, no lugar certo e com as ferramentas adequadas, certamente encontrará bastante coisa.

Inclusive, há coisas legais aqui também, até mesmo alguns sites famosos lá na superfície possuem endereço aqui também. Mas eu não vou te dar spoiler, não. Continue lendo e descubra quais são. 😉

A Darkweb é um conjunto de sites da Deepweb e que em razão disso nunca serão exibidos no resultado de busca do seu Google, porém o que muda dos sites normais na Deepweb para os sites na Darkweb é que estes últimos usam de alguns artifícios para serem criptografados e anonimizados (eis a ai o porque não se achar nada sem a ferramenta certa).

Por que existe a Darkweb?

Vamos fazer uma pausa para reflexão. Há algumas razões para termos uma parte oculta na web, e embora algumas pessoas publiquem sites com conteúdo perigosos, este não é principal motivo de existência da Darkweb.

Você mesmo pode colocar o seu site lá com bastante facilidade e veremos isso adiante. Mas por que você faria isso?

Ao custo apenas de manter algum computador ligado em casa para disponibilizar o seu conteúdo, não ter compromissos com provedores de serviço, ou publicar um conteúdo pequeno para uso exclusivo dos membros do seu grupo familiar, amigos etc com toda a segurança pode ser um bom motivo.

Sim, eu falei com toda a segurança. Eu ouso dizer que a darkweb é um lugar mais seguro do que a web de superficie. E digo isso com conhecimento de causa.

Ao longo destes inúmeros anos trabalhando com TI, eu já perdi as contas das vezes que coloquei um site no ar e em menos de um minuto o servidor já estivesse sendo bombardeado por tentativas de invasão vindas de todas as partes, mesmo com o servidor tendo um endereço novo e nunca usado antes.

Na Darkweb, para efeitos de teste, eu coloquei um site no ar há alguns dias e até agora os únicos acessos foram aqueles que eu mesmo fiz.

Isso ocorre porque os endereços são completamente aleatórios e todo o conteúdo é cifrado, as chances deste seu site ser hackeado na Darkweb é quase nulo se comparado ao mesmo site publicado lá na superfície.

Outra razão para publicar um site na “dark” é fugir da “censura”. E sim, este é um ponto problemático já que há os dois lados da mesma moeda sobre quem está fugindo de algum tipo de controle de conteúdo.

Talvez você viva em uma região do mundo onde sua liberdade de expressão seja assegurada por lei, e por conta disso não consegue conceber que há bastante gente que não pode fazer qualquer comentário que denote insatisfação com seus governantes, que ele seria severamente punido.

Estes, então possuem voz na Darkweb. Um lugar que justamente por não ser alcançado pela lei permite que quem é “vitima da lei” possa se libertar dela, ao menos em parte.

Mas como eu disse: Se isso é bom para um lado, dando voz aos opressos, por outro lado também é extremamente perigoso, já que assim é possível dar voz para qualquer louco que tenha alguma bobagem perigosa a dizer.

Dizer que a Darkweb só tem lixo, é o mesmo que olhar para aquela região da sua cidade, abandonada pelos governantes, e dizer que ali só tem bandidos. Claro que há “sujeitos do mal” por lá, mas há bastante gente boa também que estão lá por motivos diversos e alheios a criminalidade.

Protocolos da Darkweb

Como eu já disse, a darkweb é formada por sites criptografados e há algumas dezenas ou talvez centenas de formas de se fazer isso.

Por razões diversas que não vamos entrar no mérito, cada autor pode usar um sistema já existente para publicar seu site ou então criar o seu próprio sistema especifico e exclusivo para compartilhamento de informações.

Dito isso devemos ponderar que é impossível acessar todo o conteúdo da darkweb. Eu vou apenas apresentar três protocolos bem conhecidos, no entanto, não há nada que impeça um grupo terrorista de ter inventado um protocolo completamente diferente e que apenas os membros de sua célula tenham as ferramentas adequadas para acessá-lo.

Da mesma forma, qualquer hobista, curioso, acadêmico ou estudante de redes de computadores com um conhecimento minimamente aceitável de programação também conseguiria desenvolver seu próprio protocolo para publicação na darkweb.

Freenet

Talvez o mais antigo dos protocolos da Darkweb, criado no ano 2000, a Freenet é uma plataforma P2P e descentralizada para compartilhamento de informações de forma anônima.

No seu site oficial você tem acesso a todo o material e ferramentas necessárias para manter o seu site nestas bandas “obscuras” da web.

I2P

O I2P ou Invisible Internet Project (Projeto da Internet Invisível), mas ao contrário do Freenet que provê um serviço de sites, o I2P tenta prover um canal seguro para distribuição de conteúdo, algo como as populares VPNs, porém com a anonimidade em pauta.

A vantagem deste serviço é que, para quem tem conhecimentos mais avançados sobre Internet, é possível colocar qualquer sistema para operar dentro da Darkweb.

OnionRouter / Tor

Baseado no conceito de “Roteador Cebola”, que tem este nome por trabalhar em camadas (cada camada criptografa e repassa os dados para frente até chegar em seu destino), o Tor geralmente é o primeiro sistema que as pessoas iniciadas no tema fazem referência quando comentam sobre Darkweb (propositalmente eu quebrei a regra neste texto e o deixei por último) 😉

Embora nascido mais ou menos na mesma época do I2P (2003) e do FreeNet (2000), o Tor (2002) tem algumas particularidades que facilitam a vida do usuário, afinal de contas não é porque o camarada é criminoso que tudo tem que ser difícil pra ele, certo!? 🙂

Tudo bem, desculpe pela piada de mal gosto. Criminoso tem que ser punido, mas o Tor não foi criado para eles. O Tor foi criado para que qualquer pessoa que precise de voz e anonimidade possa se expressar.

O Tor permite que você instale uma versão personalizada e segura do Firefox em sua máquina que, uma vez iniciado, prepara toda uma estrutura de comunicação criptografada para acesso a web de superfície e também aos sites ocultos pelo protocolo de “roteamento em camadas”, aqueles que usam o esquema de nomes chamado “Onion”.

A vantagem de usar o Tor para acessar sites da superfície é que ele age como uma VPN. Sabe aquela VPN que você paga para acessar alguma página da web disponível somente em determinado país? Talvez o Tor resolva o seu problema, e de graça!

Como o seu tráfego é transferido entre diversos roteadores criptografados até que chegue ao seu destino em algum outro país, suas informações estão protegidas de serem bisbilhotadas durante o acesso a partir desta conexão.

Endereços .onion

Uma das características dos sites na Darkweb a partir do Tor é que eles terão nomes gerados de forma aleatória, porém com o sufixo “.onion”. Abaixo seguem dois endereços onion de exemplo.

Endereço do buscador DuckDuckGo na Darkweb

https://duckduckgogg42xjoc72x3sjasowoarfbgcmvfimaftt6twagswzczad.onion

Endereço da aplicação OnionShare na DarkWeb

http://lldan5gahapx5k7iafb3s4ikijc4ni7gx5iywdflkba5y2ezyg6sjgyd.onion/

Embora estes sejam endereços reais e seguros, não adianta cola-los no seu navegador Web porque eles não serão reconhecidos. Você precisa do navegador Tor, ou algum outro que seja compatível para conseguir alcança-los.

Navegando na web com o Tor

Vou começar com uma observação. Lembre-se que eu falei de outros dois protocolos usados na Darkweb e da possível existência de outros exclusivos e desconhecidos.

O Tor só nos permite ver a web da superfície, e o conteúdo disponível pela rede Onion, que é como chamamos os o conjunto de sites com endereços terminando em “.onion”.

Sendo assim, daqui em diante, (salvo se dito o contrário) todas as vezes que eu falar de Darkweb, eu vou estar generalizando a rede de sites “Onion” como sendo a única coisa que há lá nas profundezas, mas isso – como já dito – não é verdade.

Dito isso, a primeira coisa a se fazer para navegar na Darkweb é com o navegador Tor.

A primeira vista ele parece um navegador Firefox com apenas algumas personalizações mas é muito mais do que isso.

Navegador Tor recém aberto

Com ele aberto, clique no botão “Conectar” que aparecerá em algum lugar na página inicial e pronto. Você também pode marcar a opção de “Sempre se conectar automaticamente” e para alguns casos específicos pode ser necessário fazer alguns “ajustes finos” configurando a conexão, mas em geral para uso na sua casa dificilmente isso será necessário.

Ao conectar a rede Tor, seu navegador se conectará a uma rede de roteadores criptografados por todo o mundo a que chamamos de “circuito”.

Inclusive, a partir daqui, enquanto a sua máquina estiver conectada a rede Tor, sua máquina passa a fazer parte desta rede de roteadores permitindo que em alguns casos alguns usuários da rede possam “atravessar” pela sua casa chegando até o seu destino.

Mas pode ficar tranquilo porque como tudo é criptografado, não é possível identificar nada sobre estas conexões da mesma forma que ninguém conseguirá identificar as suas e não há qualquer forma de acesso ao que está na sua máquina.

Agora, basta digitar os endereços que você deseja entrar, como você faz na Internet superficial todos os dias. Inclusive os endereços dela funcionam aqui.

O endereço do Google, Facebook, Gmail etc, todos funcionam pelo Tor, no entanto dependendo do “circuito” combinado para seu acesso pode ocorrer do site abrir em outro idioma, já que ele não conseguirá identificar sua localidade, escolhendo então o idioma da região onde termina o seu túnel ou o inglês padrão.

Anida, devido as configurações de proteção e privacidade talvez você tenha alguma dificuldade como partes da tela não carregadas, ou avisos para aceitar cookies, pedidos para autorizar propagandas etc.

Você também pode usar o navegador Tor para acessar sites que de outra forma não seriam possíveis na sua região, já que ele funciona exatamente como uma VPN.

Navegando na Darkweb com o Tor

E os sites da Darkweb?

Bem, como já disse, somente aqueles de sufixo “.onion” que você já deve ter obtido em algum lugar, seja por recomendação ou mesmo encontrando-o na própria Darkweb.

Embora seja dito que Deepweb não é indexada (e eu mesmo repeti isso em algum momento), na verdade existem alguns catálogos de sites na Darkweb que fazem mais ou menos a mesma coisa.

Algumas seções acima eu deixei dois endereços para que você possa testar, mas existem outros. Seguem alguns para você começar a passear pelo lado “sombrio” da Web.

HiddenWiki – Um popular ponto de encontro neste “mundo sem luz”:

http://zqktlwiuavvvqqt4ybvgvi7tyo4hjl5xgfuvpdf6otjiycgwqbym2qad.onion/

Esta é uma Wiki ao estilo Wikipédia que reúne links para diversos sites .onion conhecidos.

Não se preocupe, não há qualquer monstro, figura sombria, download de vírus ou qualquer malware, pode entrar despreocupado.

Embora recomende-se sempre que você use um computador isolado, um sistema operacional temporário (boot por pendrive ou cd), tenha antivírus, use uma roupa anticontaminante, máscaras antigases, lavado a mão com sabão neutro e desinfectado com alcool gel 70%, na verdade a única coisa que você precisa para acessar a Darkweb é juízo e prudência.

Cole o endereço acima no seu navegador Tor e saia da caixa que te puseram dizendo que a Darkweb é assustadora. Os “monstros” estão lá fora, mas eles não vão te procurar é você quem os encontra (Se procurá-los)

Ahmia – Um buscador para Darkweb

Esqueça o Google e os demais buscadores comuns quando estiver na Darkweb. Já perdi as contas do número de vezes que disse isso e devo lembrá-lo disso outra centenas de vezes até o fechamento deste texto, mas apesar disso há inúmeros sites que tentam ser legais e relacionam o conteúdo “destas águas”. O ahmia é um deles.

Enquanto o DuckDuckGo, mesmo pelo seu endereço .onion, liste somente os resultados da Superfície, o Ahmia só vai te retornar endereços .onion.

E ao contrário do que você possa imaginar, o conteúdo é bastante seletivo. Se você tentar procurar por exemplo por “porn”, verá uma simpática mensagem dizendo que este conteúdo é filtrado. Olha que lindo! Segurança na Darkweb.

http://juhanurmihxlp77nkq76byazcldy2hlmovfu2epvl5ankdibsot4csyd.onion

Vai lá. Pode colar e acessar sem problemas é um site igual a qualquer outro que você está acostumado.

Opa! Espera ai. Aqui é uma terra sem lei, então cuidado e juízo! O fato do site ter bloqueado a minha procura por “porn” não significa que se eu procurar outros temas eu não os vá encontrar.

Não vou deixar links e nem sugestões de procura mas eu fiz uma procura por uma palavra de 3 letras e cliquei aleatoriamente em um dos links. Não vou dizer que fiquei assustado, mas me causou uma certa aflição só em tentar imaginar como ou porque aquelas fotos pararam ali.

Quem disse que hackers são sempre sérios? Ou talvez … nem todos por aqui sejam hackers!

Daniel – Um site pessoal

Este é o site pessoal de algum dos milhares de Daniel existente no mundo. É um site simpático e bem organizado, tratando de tecnologia.

O cara curte Rapberry, tem um I7 de segunda geração, desenvolve em Haskel, Perl, Prolog entre outras. Ele inclusive dá suas aplicações e processo para criação do site que está publicado.

http://danielas3rtn54uwmofdo3x2bsdifr47huasnmbgqzfrec5ubupvtpid.onion/

Facebook

Creio que dispense comentários e explicações sobre este site, né!?

Sim, este é o site oficial da maior e mais famosa rede social do mundo atual na Darkweb!

Por que? Censura. Se lembra que eu comentei sobre alguns lugares não permitirem que seus cidadãos tenham liberdade de expressão!? Ao menos no Facebook você tem por aqui.

http://facebookwkhpilnemxj7asaniu7vnjjbiltxjqhye3mhbshg7kx5tfyd.onion

Você pode conferir na Wikipédia. A atual Meta possui sua principal rede social publicada na Darkweb desde 2014, embora o endereço tenha mudado em maio passado para suportar o novo protocolo Onion v.3.

Ainda assim não acredita!? tudo bem (parabéns pela incredulidade, este é um ambiente realmente sem leis e na duvida nunca acesse) mas você pode ir direto ao site do Facebook para confirmar também: https://www.facebook.com/facebookcorewwwi/posts/3727741430665883

BBC News!

Olha ai mais um para provar que a razão da Darkweb existir é do bem!

https://www.bbcnewsd73hkzno2ini43t4gblxvycyac5aw4gnv7t2rccijh7745uqd.onion/

Você pode se sentir a vontade em duvidar de que este seja o site verdadeiro da BBC, eu não vou te julgar por isso também. Mas está aqui a máteria publicada no próprio site deles (na superfície) anunciando o endereço: https://www.bbc.com/news/technology-50150981

Neste link inclusive estão as referências para acessar a BBC Russia e BBC Ucrânia. Pense nas razões do porque!

Eu vou parar por aqui, mas há muito mais coisas legais lá fora. Biblioteca de revistas em quadrinhos, Rádios, Sistemas de E-mail como o famoso “ProtonMail”, sites de Q&A ao estilo StackOverFlow entre muito muito mais. Basta procurar.

Sua máquina e a rede Tor

Eu abri um parentese aqui para que esta informação não fosse esquecida já que ela é importante.

Tal como a sua máquina agora é parte da rede, a de outros usuários também é. E justamente por isso as vezes ao acessar um site pelo Tor, ele poderá demorar a ser carregado.

Isso ocorre porque deve haver uma máquina com conexão muito ruim no seu circuito e isso está afetando sua conexão deixando a página lenta.

Uma dica importante a ser dada então é que quando isso ocorrer você pode alterar o circuito de forma a trocar as máquinas que compõe o seu roteamento para aquele site.

Para isso basta clicar no ícone que aparece a frente do endereço, na barra de endereços e então no botão “Alterar Circuito”, (clicar no menu principal e escolher “New Tor Circuit for This Site”, ou ainda o atalho de teclado “CTRL-SHIFT-L” também fazem o mesmo efeito) .

Se a conexão ainda estiver lenta repita o processo até que em alguma o seu site carregue rápido. No mais a navegação é igual a qualquer outro site que você esteja acostumado.

Publicando o seu site na Darkweb

Como eu já descrevi algumas seções atrás, há ao menos três protocolos diferentes para publicar sites na Darkweb (Freenet, I2P e OnionRouter/Tor).

Como a ideia deste texto é desmistificar o uso da Darkweb, eu optei por mostrar como publicar um site simples usando a rede Onion que é relativamente simples.

A ferramenta que usaremos para isso chama-se “OnionShare” e que está disponível para Mac, Windows e Linux.

Uma vez que o OnionShare esteja rodando em sua máquina ela inicia um servidor web dentro da Darkweb com toda a configuração e criptografia adequada para que tudo funcione como esperado.

Além de sites, com ele você ainda pode compartilhar arquivos e abrir um canal de chat anonimo totalmente criptografado, mas estes são temas que ficarão por sua conta ou talvez para uma nova oportunidade.

Instalando o Onionshare no Ubuntu

O processo que vou descrever aqui será em uma máquina Ubuntu usando pacotes Snaps (há na versão Snap, Flatpak e ou se preferir diretamente na sua máquina sem isolamento usando o Pip, gerenciador de pacotes da linguagem Python.

O comando abaixo vai instalar o pacote na sua máquina:

sudo snap install onionshare

Após instalá-lo. Haverá duas ferramentas disponíveis:

  • onionshare – que inicia uma interface gráfica para que você possa configurar tudo pelo ambiente gráfico
  • onionshare.cli – que permite configurar tudo pela linha de comandos

Publicando o seu primeiro site na Darkweb

Eu vou considerar que você já tenha algum (ou alguns) arquivo HTML para publicar e ele (ou eles) esteja salvo na pasta “darksite”.

A partir da linha de comandos então basta digitar o seguinte comando:

onionshare.cli --website darksite/*.html

O onionshare, vai iniciar a conexão com a rede Tor e dentro de alguns segundos deverá retornar na sua tela o endereço local para testes, o endereço “onion” para que você divulgue seu site a quem deverá acessá-lo e também uma chave privada que funciona como senha e só quem a tiver poderá acessar o seu site.

Rodando o OnionShare no ubuntu e publicando meu primeiro site na Darkweb

Abrir o link apresentado no meu navegador Tor, será pedido a chave privada para acesso ao conteúdo (veja a imagem acima) e uma vez que eu a informe corretamente o conteúdo da minha página será carregado como se vê abaixo.

Minha página publicada na Darkweb e acessível pelo navegador Tor

O site já está publicado, acredito que com isso já tenha desmistificado o mundo sombrio e assutador da Darkweb, mas não vamos parar agora que a coisa está legal, certo!?

Eu tenho algumas considerações sobre este “site” então vamos lá.

Endereços randômicos vs persistentes

Se você observar as duas imagens que mostrei acima, no terminal mostra um endereço onion e na do navegador o endereço é outro.

Isso ocorreu porque eu na verdade estava fazendo vários testes, cancelando e reiniciando o onionshare. E acabei capturando as imagens de sessões separadas.

Por padrão, cada vez que você reinicia a aplicação um novo endereço será gerado.

Para que você possa ter um endereço persistente e todas as vezes que iniciar a página ela esteja sempre no mesmo endereço basta adicionar o parâmetro “–persistent” à sua linha de comandos. Como segue:

onionshare.cli --persistent darksite.json --website --public darksite/*.html

Observe que eu indiquei o nome de um arquivo com extensão “.json”. Se ele não existir, será criado com as configurações padrão e o seu novo endereço .onion e chave privada. Se ele já existir, será carregado com o endereço já criado preservando seu endereço e chave.

dica: Se por alguma razão este arquivo for destruído ou danificado por qualquer motivo, você perderá o seu endereço, então para evitar problemas faça uma cópia dele.

Público ou privado?

Note que além da URL onion, os seus visitantes precisam da chave privada também para conseguir ver o conteúdo do seu site.

Isso é bom se você quiser fazer um site realmente privado onde apenas você e meia dúzia de pessoas deverão acessá-lo. Neste caso você teria que divulgar a estas pessoas as duas informações.

Mas caso você queira que o site esteja aberto e qualquer pessoa de posse da URL possa ver seu conteúdo basta acrescentar o parâmetro “–public” na linha de comandos. Assim:

onionshare.cli --website --public darksite/*.html

Com isso, a chave privada não será mais solicitada e o conteúdo será carregado.

Expandindo até o infinito

Se você ainda não tem um site realmente pronto para publicar é bem provável que você vá começar com uma página de testes como a que fiz e vai acrescentando conteúdo e a expandindo.

Para que o conteúdo atualizado seja publicado é necessário que você pare o servidor onionshare e o reinicie, do contrário você continuará vendo a página desatualizada.

Caso você esteja usando o parâmetro “–persistent” para preservar o endereço onion, você terá um trabalho extra para adicionar novos arquivos.

Neste caso você terá que editar o arquivo “.json” e lá na sessão “website” você vai incluir manualmente cada novo arquivo adicionado.

Edite o arquivo .json e adicione manualmente os novos arquivos a serem publicados pelo Onionshare

Considerações finais

Eu não arranhei nem um milímetro da deepweb ou da darkweb com este texto, mas espero que tenha conseguido alcançar o objetivo que era de desmistificar o uso deste ambiente.

Agora que você conhece um pouco do ambiente e já até consegue colocar conteúdo por lá, dê uma explorada vá procurando sites legais e curiosos por lá.

Se você tiver juízo, navegará tranquilamente por lá sem qualquer incidente. Na dúvida simplesmente não acesse. Suspeitou de algo, não entre, não clique e feche imediatamente. Recomendações que são válidas não só para a darkweb para qualquer tipo de acesso real ou virtual em qualquer lugar.

Se você acha que ficará mais protegido usando firewall, antivirus, antispam, sistema temporário e toda a aquela parafernália, fique a vontade. O importante é que você acesse o local e sinta confortável por lá para poder afirmar que o lugar é tão tranquilo quanto dar uma volta de submarino pelo oceano ou de cruzador espacial pelo Universo.

Bons mergulhos em profundidade para você e novamente: Juízo!

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