Você já experimentou o navegador Opera? Acompanhe esta resenha, escrita após passar pouco mais de um mês usando esta ferramenta como navegador principal no computador e no smartphone. Se você nunca o usou ou tenha usado há muito tempo, talvez você se surpreenda com o que está perdendo, ou não?

Navegadores web são as ferramentas mais usadas dentro de um computador de uso pessoal e as vezes até mesmo de uso empresarial. É a partir do navegador que acessamos a maior parte dos recursos da Internet.

Do meu ponto de vista, a escolha de um navegador web é tão importante para sua produtividade quanto a escolha da sua suite office e do seu sistema operacional.

Por que mudar de navegador?

Já está longe a época em que só tinhamos o navegador Mozilla e o Internet Explorer. Hoje em dia apesar das “engines” serem reutilizadas em vários navegadores, os acessórios em torno deles variam bastante o que os torna ferramenta bem diferentes e que podem ou não agradar.

Graças a estas “engines padronizadas”, para usuários básicos “qualquer coisa” serve para entrar na Internet, no entanto para os usuários intermediários ou avançados, é normal que eventualmente nos cansemos do que vemos ou da falta de recursos necessários, e até mesmo do excesso de recursos desnecessários que aparentemente ninguém usa, mas estão lá causando bugs.

É neste cenário e diante do problema para acessar alguns documentos a partir do meu navegador padrão, que eu decidi experimentar outras opções.

E o Opera era um navegador que queria experimentar há muito tempo. Pra dizer a verdade eu já tinha usado lá para o final dos anos 1990 e início dos anos 2000, mas de lá pra cá, como tudo em tecnologia evoluiu e mudou, então aquela experiência antiga não servia como referência.

Condições para mudar de navegador

Antes de simplesmente fazer o download do navegador eu defini alguns critérios que deveriam haver na ferramenta para que ela fosse candidata ao meu uso.

Na minha definição o navegador ideal para minhas necessidades deveria atender os seguintes requisitos:

1. Ter um lançamento disponível para o Linux, para o Windows e para o Android – Isso é necessário, porque a ideia era manter a mesma experiencia nos principais ambientes onde os usaria.
2. Sincronismo entre as plataformas – Deveria ser necessário fazer login nos navegadores de forma que plugins e demais dados possam ser sincronizados entre todos eles para que não precise ficar copiando e nem sinta falta de algo quando alternar do Windows para o Linux ou do Linux para o Android.
3. No item acima eu já dei “spoiler”, os navegadores deveriam suportar plugins e addons – Embora a maioria dos navegadores não suportem este recurso em suas versões “mobile”, ao menos para Windows e Linux isso deveria existir.
4. Mesmos plugins em todos eles – Eu tenho um conjunto de plugins bem pequeno, então, honestamente, não acho que seria pedir de mais que todos eles sejam suportados no navegador escolhido.
5. Suportar o uso de perfis – Se você compartilha o computador com outras pessoas em casa, eventualmente deve precisar permitir que alguém acesse suas contas em serviços que você também tem. Ainda que criar múltiplas contas nos sistemas operacionais seja uma opção mais segura, muitas vezes o seu filho, irmão, cônjuge etc só precisará acessar o seu Gmail “rapidinho”, por exemplo, para ver uma mensagem e te passar o computador novamente. Se o navegador permitir o uso de perfis, você não precisará sair da tua conta para permití-los logar na deles.

Com esta lista de requisitos estabelecida, que que confessar, é bastante genérica e abre muitas possibilidades de escolha, eu entrei no site do Opera , fiz o download do pacote para o Ubuntu – meu sistema principal e comecei a usá-lo como meu navegador primário.

Recursos do navegador Opera

A lista de recursos que apresento abaixo são os que me chamaram a atenção e apesar de não estar completa, e muitas não serem exclusivas, a roupagem diferente delas pode até mesmo mostrar um uso diferente para algo que já estava lá em seu navegador atual, há anos, mas você nunca usou.

Mas tem coisas interessantes principalmente para que nem nunca largou a dupla Firefox / Google Chrome, vamos conferir.

VPN

Um dos recursos mais alardeados pelo Opera é a sua VPN integrada. Hoje há outras opções como o Edge da Microsoft por exemplo, mas a experiência do Opera é bem mais intuitiva, porém mais limitada do que alguns serviços de VPN pagos.

É possível ativar e desativar a VPN a qualquer momento apenas clicando em seu botão ao lado da barra de endereços e se necessário, escolhendo a região.

Infelizmente não é possível escolher o país de destino, mas se o seu objetivo for realmente privacidade, e não burlar as regras de serviços que são bloqueados em determinados países, ela atenderá muito bem e com uma ótima performance.

Propagandas

Nós sabemos que são as propagandas veiculadas nos sites que acessamos todos os dias que trazem a receita para o sustento destas ferramentas (na maioria deles pelo menos), mas convenhamos que as vezes o excesso é irritante.

Fazendo aqui uma “mea culpa“, muitas vezes o excesso não é intencional e o editor do site não ajustou corretamente (seja por não ser possível ou não conseguir) a forma como as propagandas são exibidas e desta forma a plataforma que gera os anúncios acaba os publicando sem muitos controles, ou mesmo de acordo com o perfil do visitante.

Mas voltando ao Opera, de todos os navegadores que já usei, além do Firefox que mantém uma politica bastante razoável para exibição de marketing, o Opera está em um nível próximo ou talvez até mais radical.

É espantoso como é diferente (e mais rápido) abrir uma mesma página no Opera e em outros navegadores. Ele realmente oculta as propagandas que se sobrepõe ao conteúdo e o resultado não é só uma tela mais limpa, mas também mais rápida, já que – me parece – ele não faz o download dos scripts que carregariam as imagens, vídeos etc.

Por padrão a opção “Permitir Ads aceitáveis” vem ativada, então você pode navegar sem culpa de que esteja impedindo as receitas que sustentam o seu site preferido.

Mas se quiser isso é personalizável, você pode ativar, desativar, adicionar determinados sites a uma lista de exceção, ou ativar listas de bloqueio por países etc.

Esta ultima opção então é ótima pois impede a visualização de propagandas que de qualquer forma não te interessariam já que ofertam itens de outros países que estão inacessíveis a você – logo não geram receita para o site – e acabam pesando o download da página.

E tudo isso já embutido no browser, funcionando automaticamente sem necessidade de instalar plugins.

Complementos

Por falar em plugins, addons, extensões, complementos etc, estes “mini aplicativos agregados aos nossos navegadores” se tornaram verdeiros aliados para diversos fins, e o Opera não só possui sua própria loja de extensões, como também suporta aquelas que vierem do Google Chrome, que é sua base de construção.

Se você procurar por um plugin na Opera Store e não o encontrá-lo o próprio navegador já te aponta para a Chrome Webstore para que você tente procurar por lá.

Criação da conta de serviço no Opera

Mas voltando ao começo para nos organizarmos, se você quer realmente usar o Opera como seu navegador principal, a primeira coisa a ser feita é criar uma conta no serviço de login do Opera para permitir o backup e sincronismo dos dados e neste ponto, acredito que seja a minha maior frustração com o Opera.

Embora a criação da conta seja simples e siga os moldes da maioria das outras empresas onde você já deve ter criado contas, incluindo ai fazer login com o o Google, Facebook e Id da Apple; eventualmente tenho a impressão que ele está pedindo a senha denovo e denovo desnecessariamente.

Como, por exemplo, quando você acaba de logar e configurar o sincronismo e ao entrar na seção de “Pinboard”, que uma especie de quadro para agrupar notas e abas, ele te pede novamente o login.

Sem contar que até hoje, todas as vezes que eu preciso fazer login, recebo mensagens de que o token do meu aplicativo de 2FA é inválido, e logo em seguida o login é realizado como se nenhuma mensagem ou erro tivesse ocorrido.

Honestamente eu tive a impressão de que este parte de contas e logins no Opera é uma completa desorganização. Ou isso, ou então realmente é um processo muito bugado e que precisa de atenção.

O sincronismo entre navegadores

Apesar da dificuldade com a conta, eu insisti e instalei a versão no meu smartphone. O navegador é bem leve e carregou rápido. Para integrar sua conta ele exibe instruções com QrCode para facilitar o login e supostamente tudo certo e simples.

Mas como eu já disse antes, as contas são confusas no Opera. Eu precisei insistir muitas vezes até que ele sincronizasse com o computador. Eu cheguei a ter criado por engano uma segunda conta o que piorou a situação.

Depois de ter removido a conta secundária e conseguido tudo funcionando, finalmente eu dei o problema por resolvido … até o dia seguinte, quando ao abrir os navegadores observei que os favoritos não estavam sincronizados e o indicador de sincronismo estava desativado, apesar de ter feito login inúmeras vezes, a fechado e reaberto o navegador outra dezena de vezes.

O status acima é o que encontrei hoje pela manhã, ao abrir o navegador para escrever esta resenha (mais de um mês tentando ativar o sincronismo).

Isso me deixou bastante frustrado, mas ainda não desisti. Sempre que vejo este status eu entro lá na configuração (opera://settings/syncSetup) e a ativo novamente.

My Flow – Falando consigo

Um serviço que gostei muito no Opera (ou teria gostado muito se funcionasse) é o “My Flow”. Basicamente ele é um serviço embutido no navegador para que você possa armazenar informações na forma de mensagens.

Se você costuma enviar mensagens para você mesmo no WhatsApp, Telegram ou mesmo por e-mail, então esta é a ferramenta para você.

Escreva o que quiser ali como se fosse uma mensagem e ela estará disponível em todos os equipamentos onde o Opera estiver logado com a sua conta.

Infelizmente, mais de um mês depois de estar usando o Opera em quatro equipamentos diferentes e forçando o sincronismo entre eles, a impressão que tenho é que esta parte de sincronismo ainda é um problema no projeto. Inclusive já achei mensagens antigas no fórum deles reclamando deste mesmo problema há alguns anos.

Inicialmente eu havia sofrido bastante para configurar a conta no My Flow do Opera pelo smartphone e assegurar que todas as vezes que o abria a conta estava ativa. Agora é a conta no Linux que todas as vezes que entro está como mostra a imagem abaixo.

Curiosamente no smartphone, o sincronismo está ativo em ambos os equipamentos. Eu faço o login, sincronizo através do QrCode e as mensagens aparecem ali em ambos, mas é só fechar o navegador que ao reabrí-lo é necessário refazer todo o processo.

Pinboard – Um quadro de links

O Pinboard é uma forma de agrupar links e anotações, mas tal como o My Flow, eu tive uma péssima experiência em mantê-lo sincronizado com outro computador, e apenas com outro computador.

É importante destacar (e lamentar) que ele não funciona na versão mobile, ou seja, se ele seria uma opção útil, ao menos pra mim, ela perde o sentido quando não é possível usá-lo em todos os equipamentos onde o Opera está instalado, incluindo meu smartphone.

Talvez em uma futura versão, mas não hoje.

Se o pinboard por si só já é um recurso interessante para agrupar links e até algumas anotações, algo que o torna ainda mais útil é a capacidade de compartilhá-lo com outras pessoas apenas clicando no botão “Compartilhar” de onde você vai receber um link compartilhável para o quadro.

O quadro acima, por exemplo, está compartilhado pelo link https://pinboard.opera.com/view/ed77fd82-695f-4b4a-a791-768bb07358e6 inclusive para quem não usa o Opera (só não sei até quando ele estará lá, já que o fiz para testes e poderei removê-lo em algum momento).

É realmente lamentável que, como os demais recursos do navegador, ele careça de maior atenção dos desenvolvedores, mas ainda assim é muito bom.

Workspaces – Grupos de abas

Se você, como eu, mantém muitas abas abertas no seu navegador e sobre temas diversos, os workspaces podem trazer um pouco de organização a sua tela.

Imagine que você esteja lidando com um tema especifico como por exemplo “Culinária mexicana”. Você já tem uma dezena de abas abertas sobre este assunto e então por algum motivo você precisa procurar informações sobre “Troca de bomba de óleo para o Honda Civic”.

Por experiência própria, você já sabe que não vai ficar um um link só. Do primeiro você vai para o segundo, do segundo para o terceiro, dali para um mapa com as oficinas mecânicas que façam este tipo de reparo, lojas que vendem o material, fóruns de proprietários comentando sobre o defeito etc.

Nada melhor do que já começar com elas separadas do outro tema. É ai que entra o Workspace do Opera. Basta clicar em outro na sua barra lateral e então começar a nova pesquisa usando este espaço limpinho e sem nenhuma outra aba ali dentro.

Um problema que encontrei com o uso deste recurso é que uma vez que você abra uma aba em um workspace, não será possível movê-la para outro. Ao invés de mover, você terá abrí-lo outra vez em uma nova aba no outro workspace.

Mas se você for organizado e começar as buscas separadas, você sempre terá um ambiente bem estruturado para seu conforto e leitura.

Inteligência artificial integrada

Nos últimos anos sistemas de inteligência artificial baseados em “prompts”, onde você escreve algo e o sistema tenta interpretar e encontrar soluções, se tornaram a moda.

Longe de discutir o lado bom e o lado ruim desta tecnologia, ou tentar explicar a melhor forma de usá-la, eu fiquei muito satisfeito com a possibilidade de usar não só o famoso “ChatGPT” 3.5 (a versão 4.0 requer uma assinatura paga) mas também o sistema de IA próprio do Opera. A “Aria”.

Tanto um quanto o outro estão disponíveis a partir de um atalho na barra lateral do navegador, no entanto há uma forma mais fácil ainda de se conversar com a Aria que é pressionando os atalhos “CTRL” + “/” no teclado, o que abrirá uma caixa de prompt sobre a página atual, e onde você poderá fazer seu questionamento.

As limitações da Aria são as mesmas do ChatGPT e demais sistemas de IA baseados em GPT (Generative Pre-trained Transformer), o que possivelmente muda entre eles é apenas a interface de exibição. Já que até mesmo as respostas parecem ser construídas a partir das mesmas bases de conhecimento.

Conversando com humanos

Nem o mais antissocial dos nerds sobrevive conversando apenas com computadores. Ciente disso os desenvolvedores do Opera puseram bem próximo aos botões da Aria e do ChatGPT, atalhos para acesso ao WhatsApp, Facebook Messenger, X (antigo Twitter), entre outros.

A grande vantagem de usá-los é que eles estarão sempre disponíveis sem que isso ocupe uma aba no seu navegador.

Ao clicar sobre eles, o painel lateral abrirá com suas mensagens. Você então pode interagir com seus contatos e ao clicar na página que está por trás ele se fecha automaticamente, tal como ocorre com as ferramentas de IA.

Seria legal se em algum momento os desenvolvedores colocarem a opção para outros sistemas como os sistemas que rodeiam o fediverso e demais ferramentas, mas por hora o que tem é mais do que os outros navegadores oferecem.

Mais ferramentas na barra lateral

Para não ficar um texto muito extenso sobre cada ferramenta vou apenas fazer um breve resumo das demais ferramentas que estão ali mas, embora úteis, não creio ser necessário entrar em detalhes.

1. Player – é um player de música integrado que configurei para abrir o Spotify, mas pode ser personalizado entre outras opções
2. My Flow – é o que já comentei anteriormente para registro de notas acessíveis entre os navegadores que você logou com sua conta do Opera
3. Crypto Wallet – é uma carteira de criptoativos. Não cheguei a entrar pois embora gratuito requer mais um cadastro e além de não considerar um navegador como o local mais seguro para manter este tipo de recurso, eu já estava sem paciência com o problema de sincronismo de contas entre os navegadores e a necessidade de criar mais contas com mais dados meus espalhados por ai
4. Speed Dial – A tela inicial quando se abre uma nova aba e que pode ser personalizada com botões de atalhos para os sites mais visitados, uma barra de busca no Google, temperatura e notícias locais entre outros
5. Favoritos – A ferramenta tradicional de Favoritos que abre em um menu lateral
6. Notícias personalizadas – O Opera como todas as demais empresas da web coletam alguns dados seus para inferir as melhores opções para você. Você pode personalizar algumas fontes de notícias, escolher algumas categorias e o restante é com eles
7. Pinboards – Já comentado anteriormente para compartilhar links e notas
8. Abas – São as abas abertas em todos os dispositivos logados com a sua conta (desde que a sincronização esteja funcionando). Desta forma se você abriu uma página no celular enquanto estava a rua, mas ao chegar em casa você pretender continuar a leitura pelo computador. Será aqui que você encontrará aquela aba.
9. Histórico – Seu histórico de navegação estará todo aqui e se isso não lhe for confortável você poderá limpá-lo quando quiser, ou remover itens que não deveriam ser exibidos
10. Downloads – O histórico dos arquivos que fizer download
11. Extensões – Extensões, plugins addons ou seja lá como você preferir chamar os complementos que você usa para fins diversos. Alguns deles poderão ser adicionados a barra lateral, outros ficarão apenas na barra superior, em uma seção apropriada para eles tal como no Google Chrome.
12. Configurações – As configurações do seu navegador estarão todas aqui
13. Tutoriais – Uma página com diversos vídeos e links de ajuda mostrando alguns dos recursos do Opera

Veredito

Bom, eu esgotei o tempo que me dei para testar o Opera e agora estou me preparando para testar outro navegador (talvez venha outra resenha por ai), mas confesso que já estou sentindo saudades do Opera.

Apesar dos problemas que encontrei com as contas eu realmente gostei muito de usá-lo e recomendo. Parabéns aos desenvolvedores!