Você sabe o que é TDI?

Transtorno da Dependência da Internet (TDI) é uma das doenças modernas causadas pelo uso exagerado e descontrolado de tecnologia em geral. Embora seja mais comum em usuários de computadores, cada vez mais é possível estar online a partir de outros equipamentos como celulares, smartphone, tablets, TVs etc o que nos leva a crer que em breve este transtorno acabará chegando a níveis alarmantes.

Há alguns dias estava pensando em escrever sobre este assunto mas faltava alguma motivação, então fazendo minhas leituras diárias acabei achando uma matéria no site do Olhar Digital sobre este assunto o que acabou servindo de empurrão. Juntando o interesse que já tinha em escrever sobre isso, com a matéria daquele site[1], juntei um pequeno texto que havia escrito sobre o assunto alguns anos atrás e pronto. Espero que sirva de alerta para os caros leitores.

O que é o TDI?

De acordo com o grupo Dependência de Internet[2], a doença homônima, é definida como “a inabilidade do indivíduo em controlar o uso e o envolvimento crescente com a Internet e com os assuntos afins, o que por sua vez conduzem a uma perda progressiva de controle e aumento do desconforto emocional”.

Sintomas do TDI

De acordo com o texto veiculado no site Carioca do Serrado, em 2009, este problema foi comentado pela primeira vez em 1995 e no ano seguinte já passou a ser alvo atenção por parte de estudiosos do assunto[3]. De acordo com a Doutora Kimberly Young quem foi a primeira a estudar sobre o assunto em 96[4], os sintomas de quem sofre desta pertubação são:

  1. A pessoa se sente preocupada com Internet, pensa sobre a atividade on-line anterior o antecipa a sessão on-line futura.
  2. A pessoa se sente a necessidade de usar Internet durante cada vez mais tempo para obter a mesma satisfação.
  3. Tem feito repetidos esforços infrutíferos para controlar, reduzir, ou deter o uso de Internet.
  4. A pessoa se sente inquieta, mal-humorada, deprimida ou irritada quando tenta reduzir ou parar com o uso de Internet
  5. Fica conectada mais tempo do que havia planejado originalmente.
  6. Por causa do uso de Internet excessivo a pessoa tem sofrido perda de alguma relação significativa, como por exemplo, o trabalho, a educação ou nas oportunidades sociais.
  7. Tem mentido aos membros da família, terapeutas ou outros para ocultar tamanho de seu uso de Internet?
  8. Usa Internet como uma maneira de evadir-se dos problemas ou de ocultar algum tipo de mal estar, tais como, por exemplo, ocultar sentimentos de impotência, culpa, ansiedade, depressão, etc.

Como tratar e se proteger

Desde que foi descrito pela primeira vez, psicólogos e psiquiatras tem estudado o assunto e buscando um melhor entendimento do assunto e também uma forma de minimizar este problema. O que todos eles concordam é que a primeira ação é autoconscientização do problema, por parte do usuário de tecnologia. Se a própria pessoa não reconhecer que sofre deste problema e que precisa de ajuda pra se livrar deste mal logo ela estará sofrendo tanto quanto um viciado em drogas.

Uma pequena experiência pessoal

Quem me conhece pessoalmente sabe que meu trabalho depende de conexão integral a Internet a 100% do tempo. Eu gosto do que faço e acabei fazendo do meu trabalho, o meu hobby. Prato cheio para usar como argumentação para não sair da frente do computador, e era o que fazia por muitas vezes.

Certo dia (feriado) eu estava altamente compenetrado no meu “importantíssimo” trabalho, enquanto minha esposa falava comigo sobre algo que não dei a menor atenção. Em dado momento ela soltou o tradicional “você não me dá atenção quando eu falo contigo”. Embora ela já tivesse pronunciado a mesma frase outras vezes, sei lá porque motivo desta vez aquela frase me atingiu.

Então comecei a pensar se aquilo tinha fundamento e se ela tinha razão. Na hora não me lembrei de nada que pudesse me fazer dar o braço a torcer mas com o passar da semana percebi que eu fazia o mesmo com o restante da família, com colegas de trabalho e até mesmo quando alguém me ligava. Enquanto alguém falava comigo, eu continuava lendo ou escrevendo, não dando a mínima atenção ao que estava sendo dito.

Ai eu me conscientizei de que a Internet estava me fazendo mal e  prejudicando não só meu relacionamento com outras pessoas de carne e osso, como também estava destruindo a minha concentração para assuntos que não fossem relacionados a tecnologia e decidi começar um processo de desconexão.

Comecei a minimizar o tempo conectado, encerrar algumas contas em redes sociais, serviços de e-mails, forçar a mim mesmo a manter o computador de casa desligado durante um dia inteiro, durante alguns dias, vários dias. Ainda hoje tenho várias contas online que estou excluindo gradativamente, entre elas já foram (Flickr, LinkedIn, Orkut, mySpace Last.fm, diversas contas de e-mail e variados provedores etc).

Hoje eu consigo acordar pela manhã sem necessidade de correr para ligar o computador antes do café, ou mesmo ligá-lo apenas para ler um e-mail que estava esperando, ou só para imprimir um texto que já estava pronto e logo em seguida desligá-lo sem fazer nada mais que não o proposto antes de colocar o dedo no botão de “power”. No começo eu me sentia um pouco transtornado por estar longe do computador, mas passado algum tempo comecei a redescobrir os prazeres da boa leitura de um livro, ou do passeio por algum lugar físico, compartilhar experiências ainda que sobre TI (afinal esta é minha profissão e constantemente sou interpelado sobre isso), mas tudo fisicamente sem usar teclado, nada de câmeras ou microfone.

Em fim

Internet é algo importante para o mundo moderno, mas pode nos levar a um transtorno que mascara os prazeres da vida real com as falsas delícias da vida virtual. Você não precisa jogar o computador pela janela ou cortar o seu fio para nunca mais ligá-lo, só o que você precisa é disciplina e autocontrole. Se isso falhar possivelmente você está em um estágio mais sério e então há psicólogos e psiquiatras especializados no assunto que você deveria procurar (Confira os links no fim deste artigo e procure ajuda se necessário, mas não destrua a sua vida com a desculpa que está fazendo algo importante). Nada na vida é mais importante do que a própria vida [real].

Lançado o desafio

Assim que eu clicar no botão “Publicar” ali do lado eu desligarei o computador e só voltarei a ligá-lo no dia seguinte, ou no próximo. Fica então o desafio para você fazer o mesmo. Agora que você terminou de ler este texto desligue o seu computador, deixe-o assim o resto do dia sem ligá-lo novamente.

Você pode ter inúmeras vidas virtuais, perfis ou logins e todos eles podem ser criados e recriados inúmeras vezes. A vida real só temos uma e não poderá ser recriada. Não desperdice a sua via real.

Referências

[1] Stephanie Kohn. Olhar Digital. Qual é o seu grau de Dependência de Tecnologia? Faça um teste. http://olhardigital.uol.com.br/produtos/digital_news/noticias/qual-o-seu-grau-de-dependencia-da-tecnologia 2-12-2011.
[2] Dependência de Internet.   http://www.dependenciadeinternet.com.br/ 2-12-2011
[3] Ferraz. Carioca do Serrado. Transtorno da Dependência da Internet – TDI. http://www.cariocadocerrado.com.br/index/?p=417 2-12-2011
[4] Ballone. PsiqWeb. Compulsão à Internet, Mito ou Realidade. http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=104 2-12-2011.
[5] Denise Razzouk. Psychiatry on Line Brasil. Dependência da Internet: Uma nova categoria diagnóstica?  http://www.polbr.med.br/ano98/dpnet.php. 2-12-2011

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